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raul, toca.

Ela falou sobre o medo de se tornar o Pedro. Sabe? Aquele que sempre fala e se queixa da solidão. Ela ia todo o dia pro trabalho sem saber se era bom ou se era ruim, e quando queria chorar ia pro banheiro. Ela achava normal. Até perceber que Pedro também achava (acha). As coisas não são bem assim, foi o que eu falei. Será que algum dia alguém irá aonde eu for? Foi o que ela me questionou primeiro, e até agora eu não sei responder - talvez porque a pergunta atingiu algo que nunca tinha questionado, Ela falava sobre querer viver a loucura também. Pensar sobre o mundo. "Cada um de nós é um universo." expliquei como Raul cantava. Um tempo passou. Enquanto as pessoas fogem da chuva eu gosto de me banhar nela, ela desabafou. Porque a chuva voltando pra terra trás coisas do ar. Achei poético o recorte de outra letra do Raul. Intenso. E se encaixava bem na situação vivida. Mas você se sente uma pedra que sonha sozinha no mesmo lugar. Silêncio. Acho que exagerei na

bem estar

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sobre digitar e andar

Ela estava aflita quando veio falar comigo hoje. Com certeza isso despertou de alguma forma alguma ansiedade que eu não entendia. Ela decidiu se acalmar antes de dizer qual era o problema.  Tomou um copo de água e começou a dizer palavras aleatórias que aos poucos se desenvolveram em uma estranha poesia. Não era grande coisa era o que ela repetia.  Parece que faz parte do corpo, e os gestos se tornaram automáticos. É uma linguagem corporal preocupante  Sem entender, decidi não perguntar nada. Eu sabia que de alguma forma chegaria o momento de juntas as peças. Ajustei as almofadas nas minhas costas e me preparei. Ela começou a dizer coisas como o fato de todos andarem olhando pra baixo, nem notarem onde caminhavam. Digitam e andam.  Não importa o que tem pela frente, ou quem esta ao seu lado. Não importa.  Pensei na hora em falar sobre aquele papo de que os vínculos estão cada vez mais fracos pois se constituem por tecnologia e não pessoalmente, mas achei meio

sobre respirar.

demora em torno de cinco segundos para que ela crie forças pra respirar, e mesmo quando respira nunca é suficiente. ela me disse que a sensação é como se o peito estivesse cheio, e que ar nenhum coubesse mais lá. como assim nenhum ar cabe mais lá? pois é. como respirar é difícil em todos os momentos, ela decidiu que iria respirar o que o corpo dela pedisse. mas não entendi muito bem, e quando questionei, ela também não sabia responder. pra mim respirar é como uma obrigação poética. poética mórbida na verdade pois o ar nos faz viver mas é justamente o que nos faz morrer também. mas respirar é essencial. é como se ela estivesse cheia, tão cheia que o ar mesmo com força não conseguisse entrar. e isso me fez pensar na vida dela (e consequentemente na minha também) o que eu acho mais interessante é que o ar que respiramos hoje é o mesmo que respiramos a 10 anos atrás. porque então ela respirava tão bem a 10 anos atrás e agora não mais? perguntei exatamente isso a ela e por

Um vitrola

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Do meu avô Na época da loja de discos a vitrola era a principal  As pessoas testavam os vinis nela Todos os dias Todas as pessoas Cada uma com seu gosto musical diferenciado Todos os discos  Hoje guardados em caixa, perdidos em sebos, itens de decoração ou até esquecidos Todos passaram por uma vitrola Essa vitrola. Quantas músicas, cantores e pessoas ela ja não conheceu? Quantas mãos já não a tocaram?  Os anos passaram,  As pessoas se foram,  As lojas fecharam,  Os discos foram e voltaram,  E a vitrola ficou.  Essa vitrola.  O som é o mesmo,  potente como um alivio em estar de volta Depois de tudo. Antes de tudo.  um ode ao passado presente e futuro um dia esquecida, mas sempre de volta. 
é ridículo se emocionar com uma música com um vídeo com uma palavra com um sentimento com uma idéia com um animal com uma poesia com um reconhecimento com uma pessoa com um comum.

Sei lá, a vida tem sempre razão.

Nada me consola, eu vim. Um pouco de malandragem Sou a flor da primeira música mais velha Luz das estrelas O sol há de brilhar mais uma vez, abra a janela, eu já escuto os teus sinais. São as águas do lindo lago do amor Posso ser bem feliz Vagando em verso eu vim. tudo que um dia eu sonhei pra mim